A capacidade de compreensão exige do intérprete a leitura.
Leitura como diagnóstico. Mas não apenas. Leitura também como exercício e
questionamento. Por óbvio, isso não se deve fazer sem critério, amostras ou
evidências.
O cenário político do Brasil, após um recorte de relativa
estabilidade (1995-2012), carrega o histórico recente de batalha. Esse entrave
mais parece ligado às insígnias, que propriamente a essência das questões que assolam
nossas vidas. Não deveria exigir tanto do senso comum, mas isso me parece
importante.
Seres humanos pretensiosamente vivem sob a escusa da “aparência”
– Adam Smith já denunciava. Não se pode afirmar que essa seja característica do
povo brasileiro. Mas se pode observar que é tópico potencializado em terras
canarinhas. Veja que sair às ruas em protesto contra a corrupção, pode parecer
ato bem feito ainda que se traje camisa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Entendo, caro leitor. Soa como preciosismo. Todavia, ainda estamos a falar da capacidade de leitura. É compreensível que a Seleção Brasileira de Futebol
seja símbolo do nosso país. Não é compreensível, protestar pela retidão, carregando
a logomarca da CBF no peito, entidade privada, mergulhada numa série de denúncias
internacionais sobre desvio e lavagem de dinheiro.
Em tempo, é aqui que a insígnia importa mais que a
questão. A esta altura, associar-se à nomenclatura militar, aos interesses estadunidenses
ou a qualquer coisa distinta de “Cuba”, “Venezuela” ou “esquerda”, rende mais
que o patrimônio daquela jovem dos vídeos.
Não se sabe até que ponto tudo não seja “massa de manobra”.
Aliás, não se sabe até que ponto isto não seja ensaio para passos mais
contundentes. Políticos da pós-verdade, além de sentimentos, costumam brincar
com dados e a rede.
O insight pode ser o estopim. Afinal, é mais fácil
mover a opinião pública que o Congresso Nacional? O que acha de votar a
próxima Lei Maior na tela de seu smartphone? Bastante atrativo, não? É algo
novo, com ares de modernidade. Não é algo necessariamente bom.
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