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domingo, 26 de maio de 2019

Sobre ensaios e insights


A capacidade de compreensão exige do intérprete a leitura. Leitura como diagnóstico. Mas não apenas. Leitura também como exercício e questionamento. Por óbvio, isso não se deve fazer sem critério, amostras ou evidências.

O cenário político do Brasil, após um recorte de relativa estabilidade (1995-2012), carrega o histórico recente de batalha. Esse entrave mais parece ligado às insígnias, que propriamente a essência das questões que assolam nossas vidas. Não deveria exigir tanto do senso comum, mas isso me parece importante.

Seres humanos pretensiosamente vivem sob a escusa da “aparência” – Adam Smith já denunciava. Não se pode afirmar que essa seja característica do povo brasileiro. Mas se pode observar que é tópico potencializado em terras canarinhas. Veja que sair às ruas em protesto contra a corrupção, pode parecer ato bem feito ainda que se traje camisa da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Entendo, caro leitor. Soa como preciosismo. Todavia, ainda estamos a falar da capacidade de leitura. É compreensível que a Seleção Brasileira de Futebol seja símbolo do nosso país. Não é compreensível, protestar pela retidão, carregando a logomarca da CBF no peito, entidade privada, mergulhada numa série de denúncias internacionais sobre desvio e lavagem de dinheiro.

Em tempo, é aqui que a insígnia importa mais que a questão. A esta altura, associar-se à nomenclatura militar, aos interesses estadunidenses ou a qualquer coisa distinta de “Cuba”, “Venezuela” ou “esquerda”, rende mais que o patrimônio daquela jovem dos vídeos.

Não se sabe até que ponto tudo não seja “massa de manobra”. Aliás, não se sabe até que ponto isto não seja ensaio para passos mais contundentes. Políticos da pós-verdade, além de sentimentos, costumam brincar com dados e a rede.

O insight pode ser o estopim. Afinal, é mais fácil mover a opinião pública que o Congresso Nacional? O que acha de votar a próxima Lei Maior na tela de seu smartphone? Bastante atrativo, não? É algo novo, com ares de modernidade. Não é algo necessariamente bom.

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